hoje muitas coisas aconteceram e senti que foi um ponto de inflexão em minha vida. 30 de outubro, e tudo só terminou dia 31, dia das bruxas.
tudo começou quando tomei lycopodium fora de hora. eu tomo todo dia às 16h20, e tenho esquecido muito de tomar - nos últimos dias, tomei menos da metade dos dias. manifestei isso pra kari pela primeira vez (que esqueci de tomar no dia) e ela falou "uai, toma agora" e eu tomei. era umas 22h50. daí a gente tentou dar vermífugo pro bombril mas ele não quis nem fodendo e cuspiu várias vezes o remédio, até que de tanto a gente tentar forçar ele a tomar, ele acabou vomitando embaixo da cama.
limpamos tudo e eu fui pro estúdio ensaiar, hoje o ensaio estava marcado para meia noite.
estava quase chegando no ensaio e uma garoa constante umedecia. eu estava animado e estava chegando em cima da hora, na última curva da via parque, eu perdi o controle do carro, aquaplanei e acabei rodando. Por sorte não tinha ninguém, e ficou aquele silêncio. eu soltei um "certo", aliviado, tipo "tá tudo certo comigo, com o carro, estou bem". que bom. cheguei no estúdio, e o estúdio estava com o alarme disparado. Estranho, pois ninguém havia me ligado, geralmente me ligam avisando do disparo. Fiz o procedimento, desliguei o alarme, tudo certo.
O telefone tocava sem parar desde que eu cheguei. Atender. Meia-noite em ponto. Sabão. Estavam tentando falar comigo há horas. Ele disse que o Dods tinha demorado para chegar da praia e estava cansado para ensaiar, queria desmarcar. Não conseguiram falar comigo, e quando o Sabão conseguiu, disse "bom, então estamos indo praí." 00h04. esperar.
Em uns 3 minutos, Dods chegou. Eu contive todo meu sentimento de raiva e o acolhi como um irmão. Ele me contou da viagem, e de como tinha demorado horrivelmente pra chegar (e como, na real havia acabado de chegar MESMO e como estava em contato com eles durante a viagem dizendo não saber se chegaria a tempo). Liguei para Kari pra avisar que cheguei. Ela e Serena estavam loucas, inconformadas com a situação toda de quase cancelamento do ensaio e de como eles se acomodam e na verdade se reconfortam com qualquer sinal de problema. Eu ouvi, dei risada, me senti bem pelo meu estado de espírito atual estar bem equilibrado e por minha mente estar mais além de tudo isso, minha relação pessoal com a música estar mais além.
Subi as escadas. Eles chegaram. Dei uma bronca no Thika porque tinham se atrasado, eram 00h34. Thika disse "mas nós estamos aqui, não estamos?" ou algo semelhante. Tive momentos ruins de mágoa, como naqueles fatídicos dias em que finalmente mudei meu modo de ver as coisas. Desci as escadas com mágoa. Liguei o amplificador com mágoa. Estendi a extensão com mágoa e liguei minha guitarra com mágoa e dei um acorde tosco. Encontrei uma palheta no assoalho da pedaleira. Todos terminaram de montar e subiram para o quintal como de praxe, Thika foi primeiro. Eu fui atrás dele e puxei assunto de outra coisa para descontrair e a resposta dele foi serena. Ele me desmagoou finalmente como ele é bom de fazer. Eu amo esse cara.
Daí pra frente tudo correu nos conformes, trabalhamos bonito, como se deve com uma banda, e ao fim de tudo, falei para os meninos que entendia que o fato de não terem conseguido falar comigo e, por isso, terem desistido do ensaio e só retomado quando conseguiram falar comigo no estúdio (meu celular fora de área desde as 21h da noite) era um karma que mostrava um conflito interessante. Dods disse, lá do carro quase indo embora: "não teve um conflito, só um não-contato" e foi embora. Sabão disse algo que eu não entendi, acenei cordialmente e os dois foram embora na caminhonete que o Thika pegou emprestado.
Saindo do estúdio, tive fome e comi duas paçocas que estavam no carro. As paçocas tinham ficado no meu bolso por um tempo e desceram horrivelmente, se pá estragadas. Thom Yorke dizia eloquentemente: YOU DO IT TO YOURSELF. YOU DO. AND THAT'S WHAT REALLY HURTS.
e quando olhei, era halloween.