terça-feira, 6 de novembro de 2012

Continuando a saga.

Aquele momento daquela noite não era musical. Ultimamente as horas de lazer têm sido praticamente todas musicais, mas aquela não era. As músicas, os pedaços de papel, os lembretes de afazeres das horas vagas são apenas memórias. Parcas imitações que eu vinha fazendo, pequenos chistes das mais variadas criaturas da minha contemporaneidade.

Me vesti de xadrez como Neil Young. Venerei a música como Eddie Vedder. Me despi no palco como Kurt Cobain. E daí?

Um eco na rua grita: "Lobotomy. Lobotomy."

Fui até a janela. Era um carro com a porta aberta. Um excelente momento de música chicoteando a noite de Moema. Diferente dos sons de techno, feitos para se ouvir em efeito doppler. Era um carro parado. E a música soava como se deve nos décimos andares: "Lobotomy. Lobotomy."

E plam! Carro fechou. Ficou silêncio.

Quebrado pelos ruídos dos gatos. Patas e pequenos sinos.

E a música voltou.


domingo, 30 de outubro de 2011

karma.

hoje muitas coisas aconteceram e senti que foi um ponto de inflexão em minha vida. 30 de outubro, e tudo só terminou dia 31, dia das bruxas.

tudo começou quando tomei lycopodium fora de hora. eu tomo todo dia às 16h20, e tenho esquecido muito de tomar - nos últimos dias, tomei menos da metade dos dias. manifestei isso pra kari pela primeira vez (que esqueci de tomar no dia) e ela falou "uai, toma agora" e eu tomei. era umas 22h50. daí a gente tentou dar vermífugo pro bombril mas ele não quis nem fodendo e cuspiu várias vezes o remédio, até que de tanto a gente tentar forçar ele a tomar, ele acabou vomitando embaixo da cama.

limpamos tudo e eu fui pro estúdio ensaiar, hoje o ensaio estava marcado para meia noite.

estava quase chegando no ensaio e uma garoa constante umedecia. eu estava animado e estava chegando em cima da hora, na última curva da via parque, eu perdi o controle do carro, aquaplanei e acabei rodando. Por sorte não tinha ninguém, e ficou aquele silêncio. eu soltei um "certo", aliviado, tipo "tá tudo certo comigo, com o carro, estou bem". que bom. cheguei no estúdio, e o estúdio estava com o alarme disparado. Estranho, pois ninguém havia me ligado, geralmente me ligam avisando do disparo. Fiz o procedimento, desliguei o alarme, tudo certo.

O telefone tocava sem parar desde que eu cheguei. Atender. Meia-noite em ponto. Sabão. Estavam tentando falar comigo há horas. Ele disse que o Dods tinha demorado para chegar da praia e estava cansado para ensaiar, queria desmarcar. Não conseguiram falar comigo, e quando o Sabão conseguiu, disse "bom, então estamos indo praí." 00h04. esperar.

Em uns 3 minutos, Dods chegou. Eu contive todo meu sentimento de raiva e o acolhi como um irmão. Ele me contou da viagem, e de como tinha demorado horrivelmente pra chegar (e como, na real havia acabado de chegar MESMO e como estava em contato com eles durante a viagem dizendo não saber se chegaria a tempo). Liguei para Kari pra avisar que cheguei. Ela e Serena estavam loucas, inconformadas com a situação toda de quase cancelamento do ensaio e de como eles se acomodam e na verdade se reconfortam com qualquer sinal de problema. Eu ouvi, dei risada, me senti bem pelo meu estado de espírito atual estar bem equilibrado e por minha mente estar mais além de tudo isso, minha relação pessoal com a música estar mais além.

Subi as escadas. Eles chegaram. Dei uma bronca no Thika porque tinham se atrasado, eram 00h34.  Thika disse "mas nós estamos aqui, não estamos?" ou algo semelhante. Tive momentos ruins de mágoa, como naqueles fatídicos dias em que finalmente mudei meu modo de ver as coisas.  Desci as escadas com mágoa. Liguei o amplificador com mágoa. Estendi a extensão com mágoa e liguei minha guitarra com mágoa e dei um acorde tosco. Encontrei uma palheta no assoalho da pedaleira. Todos terminaram de montar e subiram para o quintal como de praxe, Thika foi primeiro. Eu fui atrás dele e puxei assunto de outra coisa para descontrair e a resposta dele foi serena. Ele me desmagoou finalmente como ele é bom de fazer. Eu amo esse cara.

Daí pra frente tudo correu nos conformes, trabalhamos bonito, como se deve com uma banda, e ao fim de tudo, falei para os meninos que entendia que o fato de não terem conseguido falar comigo e, por isso, terem desistido do ensaio e só retomado quando conseguiram falar comigo no estúdio (meu celular fora de área desde as 21h da noite) era um karma que mostrava um conflito interessante. Dods disse, lá do carro quase indo embora: "não teve um conflito, só um não-contato" e foi embora. Sabão disse algo que eu não entendi, acenei cordialmente e os dois foram embora na caminhonete que o Thika pegou emprestado.

Saindo do estúdio, tive fome e comi duas paçocas que estavam no carro. As paçocas tinham ficado no meu bolso por um tempo e desceram horrivelmente, se pá estragadas. Thom Yorke dizia eloquentemente: YOU DO IT TO YOURSELF. YOU DO. AND THAT'S WHAT REALLY HURTS.

e quando olhei, era halloween.

sábado, 23 de julho de 2011

eu descanso

eu descanso. para melhor aproveitar os cerca de dois terços da minha existência que pretendo passar na mais deliciosa vertigem, o um terço que me resta será dedicado ao descanso. a olhar folhas caídas e a mirar olhos quietamente. a espichar num grande bocejo e a sossegar estralando os ossos. a estar paciente diante da volta de mim à terra. é bonito serem terra. é bonito. comemos comida que veio da terra. mas você também veio da terra. e os carros e os gases também vieram da terra. nada vem do nada. achou-se mercúrio numa jazida. e petroleo e carbono e ferro e estanho e cobre. aí faz tudo com isso. eu amo. eu sou borbulhas de tesão em estado líquido. eu estou aqui.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

retificando
o microchip
do meu espírito
...


domingo, 20 de março de 2011

yeah.

!

sexta-feira, 11 de março de 2011

swept

ive been here before

it's just like i never dreamed

at least one people

at least

it was pretty strong

dozens of cities

varrido by flush

extremely peligroso

indoneeezja

azjuna

hearing of these sirens

8.9

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Exorbitante

O que vai além da minha compreensão é te enxergar e simplesmente perceber algo que nem você saba que estava sentindo, é uma cmopreensão que vai além.

E eu enxergo além das vontades. Eu enxergo suas MOLÉCULAS cuidadosamente. e a cidade respira. e a cidade respira. e o concreto se move como as membranas de um pulmão, dilata. contrai. expande. cresce. encolhe. 17 milhões de pessoas. encolhe. 17 milhões de pessoas. e encolhe e encolhe. 17 milhões de pessoas em um centímetro quadrado. é o que eu vejo do mundo quando estou em JÚNIPER. semente. cresce. morte.




lindo.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Carta para Mari - abril de 2006

Nossas vidas são distantes... mas as palavras guardam uma aproximação eternamente potencial. Você está ali, parada, sentada no chão. Você olha pra cima. Você está/não está de óculos. Estou com a Kari num universo paralelo girando em meio a milhares de prótons falantes que emitem uma radiação muito fraca, mas são muitos e muitos prótons. E nada parece desgrudar, a gente dá algumas risadas e conversa um pouquinho, depois dorme abraçado. Quando a Kari não está eu abraço um pequeno travesseiro azul, quando eu não consigo dormir, aí eu durmo. Uma casquinha de sorvete escorrega pela fresta de um bueiro. Nada é tão importante a ponto de não merecer lágrimas, ou apenas uma irrelevante continência ("batida eternamente em função do Universo e da presença Toda-Poderosa do Homem Racional"), de repente estou vendo a sua voz, estou ouvindo seus ouvidos. Por que tudo é tão novo? As coisas envelhecem e as cascas na parede e os leaks e o bolor no teto e as rugas nos dedos são novidade. Suas olheiras amanhecem e eu estou aqui sentado com minha coluna torta e meus pés jogados em cima da mesa, logo em seguida me acocoro. Cocorocó!
 
hahahahahahahhahaha
 
 
 
Zigue! Zague! Zum! Plaft! Hahahahaha cuidado que tudo tá rodando. Não precisa se sentir diferente, nem igual. É só fechar os olhos e em seguida abri-los e sentir alívio por causa de um momento que simplesmente evaporou. De repente um porra nenhuma vem na rua e pega seu chapéu, eu vou correndo atrás do cara e fico puto, meus olhos criam asas e vão atrás do chapéu, ele fica lindo em cima do prédio que encolheu quando caiu o chapéu em cima.
 
AHahahahahaha as pessoas ficaram pequenininhas... e começaram a reclamar como pulgas... mas era tão engraçado que não tem problema. Por aqui tá tudo bem. Tou me enrolando pra acabar um roteiro que uma amiga minha encomendou, um drama doméstico todo sisudo. Quarta passada fiz uma surpresa pra Kari. Quinta o WN vai tocar, sexta é o Cabongues, hoje dei um furo no ensaio sem querer por causa desse roteiro. Mais tarde vou fazer um projetinho pra um quarto cenográfico pra faculdade, e mais tarde tem Ecos Falsos na MTV (23h00). Espero que você teja legal, Mari, quando ce tá legal eu tou legal. Tem comido sucrilhos? Mande um abraço pro Queiroz. Eu sou meio aéreo até com a Kari, não tem problema se você puxar minha oreia por estar tão distante. Mas eu tou me organizando, tou até com agenda 2006 preta e super da hora! Tocar em 3 bandas é um caos, mas agora eu montei o Juquinha com a Kari e um dia daqui uns anos acho que vou acabar ficando só com o Juquinha e com o WN, que é pra semprão.
 
Como tá a faculdade???
Bejios abraços e cafunés
 
Fábio

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

NA FEBRE

==============
trinta e sete e meio
trinta e sete e meio
houston em pedaços
trinta e sete e meio









canto inopérante eu quero me livrera eu quero fechar o cu e remoer toda a galáxia dentro de mim. imagina só que delícia ser tão imenso e insignificante a ponto de concentrar milhões em você, é como não ser nada, ser o cotidiano, a explosão diária da vida e todos voltam pra casa cheios de lama e com um sorriso bobo no rosto. contraindo o períneo. 3… 22….. 1….. gosto de oceano.

ACENDE as velas do seu coraçãoooo
EU VOU lerrrr pra vocêeeeee uma carta
Que eu escrevi pra vocêeeeeeee
meu amorrrrrr
e tsunami no meu coração.
E aguenta coração.
a passos lindos se desenvolvem máquinas, o cio eterno da humanidade. beijos.