terça-feira, 6 de novembro de 2012

Continuando a saga.

Aquele momento daquela noite não era musical. Ultimamente as horas de lazer têm sido praticamente todas musicais, mas aquela não era. As músicas, os pedaços de papel, os lembretes de afazeres das horas vagas são apenas memórias. Parcas imitações que eu vinha fazendo, pequenos chistes das mais variadas criaturas da minha contemporaneidade.

Me vesti de xadrez como Neil Young. Venerei a música como Eddie Vedder. Me despi no palco como Kurt Cobain. E daí?

Um eco na rua grita: "Lobotomy. Lobotomy."

Fui até a janela. Era um carro com a porta aberta. Um excelente momento de música chicoteando a noite de Moema. Diferente dos sons de techno, feitos para se ouvir em efeito doppler. Era um carro parado. E a música soava como se deve nos décimos andares: "Lobotomy. Lobotomy."

E plam! Carro fechou. Ficou silêncio.

Quebrado pelos ruídos dos gatos. Patas e pequenos sinos.

E a música voltou.


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